segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Passeio no Parque (ou Passeio de verão)

Tudo parecia tão bom - e era, realmente. Um dia no parque com a mulher e os filhos, dia ensolarado, no entanto sem aquele calor escroto que te faz suar feito um porco, ostentando aquelas marcas molhadas na camisa, bem no sovaco. Início de mês, ainda dinheiro o suficiente para gastar sem se preocupar com o vermelho na conta.
Dar R$ 10 para cada filho - eram duas pestes, ambos meninos - naquele lugar era certeza de uma ou duas horas sem perturbações. Foi o que Eduardo fez, comprando assim um tempo com a esposa, coisa que não tinham há tempos. O trabalho de ambos os estava estressando - cada um com o seu -, e sem ter uma válvula de escape, acabavam brigando por diversos motivos: ou os dois estavam irritados com o trabalho e não havia clima; ou um dos dois estava estressado, e o outro não compreendia o que tinha feito de errado, enfim, coisas de casal - a impossibilidade de colocar-se no lugar do outro gerava uma bola de neve.
No entanto, voltando ao cenário paradisíaco em que se encontravam (nem tanto, mas perto do que tinham em seu apartamento claustrofóbico, realmente, parecia um sonho), exceto talvez pelo excesso de crianças, estavam se curtindo novamente, beijos apaixonados, como nos velhos tempos, leves esfregões como no início, e algumas apalpadas mais indecentes. As roupas não eram tão descoladas como antigamente (ela trocou a saia folgada por uma calça jeans e uma blusa mais solta; ele trocou a calça rasgada por uma calça jeans inteira e a camisa de banda por uma camisa polo), mas eles davam um jeito, e estavam chegando a um ponto onde as mãos roçavam em partes baixas, exatamente na altura que crianças vêem perfeitamente. Precisavam procurar um local mais reservado, e os filhos... os filhos estavam no pedalinho provavelmente, tacando tocos de madeira ou pedras em gansos no lago. E ficariam nisso um bom tempo.
Eduardo procurou um morrinho saliente para a saliência, e Clara apenas seguiu o marido, ruborizada, mesmo não estando fazendo nada no momento, apenas por saber que iria fazer. Aconchegaram-se, ele encostado no morrinho, e ela jogada para cima dele, com uma mão em seu pescoço e outra na virilha dele (porque "em sua virilha" poderia ser a dela também), quer dizer... não exatamente na virilha... E enquanto namoravam sossegados, ele pensou: "Acho que é hora de um boquetinho...", e abaixou gentilmente a cabeça de Clara para a felação. E assim ficaram, mesmo Eduardo tendo percebido uma movimentação próxima, e visto alguns moleques que insistiam em assistir um pouco, tentando se esconder, a pegação do casal. Ele apenas fingia que não via as crianças, mas tentava não passar nada disso à esposa, que ele conhecia, pararia na hora se soubesse dos capetinhas. Ele não podia parar, afinal de contas, estava revivendo a paixão do casal. Aquele casamento falso, aquela saturação do dia-a-dia, aturar o casamento por causa dos filhos... nada disso passava por sua cabeça no momento, ele apenas conseguia enxergar e entender a mulher por quem se apaixonou. Eis a força do Boquete.
"Tá gostoso, safadinho?", dizia Clara enquanto passava a língua na cabeça do pau de Eduardo. Ele apenas sorria e olhava para aqueles olhos. Forçou a cabeça dela para ir mais fundo. Ela tirou e começou a lamber os ovos. Ele sentiu que estava por vir o gozo. Pediu que ela botasse tudo na boca, e assim ela fez. "Vai, rapidinho que eu vou te dar leitinho, gatinha lambedeira!", e Clara abriu um sorriso malicioso, e com a ponta da língua no pau, começou a tocar uma para ele. Ele chegava cada vez mais próximo, e resolveu botar o pau na boca dela, chegando na garganta, fazendo movimentos contínuos de botar e tirar, cada vez mais rápido.
Eduardo estava quase gozando, e a cabeça quase sempre baixa, olhando para o rosto daquela que ele aceitou como mulher para sempre, aquela que deixou do nada de ser seu ideal de mulher, e que agora voltava, magicamente, a ser sua mulher, seu desejo de mulher. De repente sentiu que vinha o momento máximo, e sem pensar, em um movimento totalmente involuntário, levantou a cabeça, e enxergou, passando na sua frente seus filhos correndo, passando em frente ao casal. Mil coisas devem ter passado em sua cabeça, mas dois pensamentos básicos prevaleciam: "Vou gozar na tua boca, Clara!", empatado com "Não olhem para o lado, filhos da puta! Continuem olhando para a frente!". E naqueles cinco segundos que parecem vinte minutos, onde tudo ocorre em slow motion, Junior olha para o lado, vê os pais, pára, não percebe direito o que está acontecendo, e vem em sua direção, com um sorriso infantil, doido para contar o que tinha feito com o dinheiro. O irmão, Lucas, que já estava na frente, parou, voltou e seguiu o irmão. Eduardo assistia a tudo e apenas pensava, não dizia nada. Clara, de costas para os meninos, estava cada vez mais animada com a piroca do marido e ansiava pela porra. Eduardo tremia, o orgasmo na raiz do pau já, e a cabeça agora, não mais olhava Clara, e sim os meninos. Junior muda o semblante, e do sorriso infantil passa para um assustado, e em uma fração de segundo depois, aterrorizado. A porra começa a percorrer o tubo deferente (porque eu também sou cultura) de Eduardo, com pressão, já que Clara apertava com a mão a base do pau. Clara sentia a pressão vinda da pica e sorrindo, abriu a boca mais ainda, para que o marido pudesse ver seu gozo espirrando. Clara olhou para cima, para ver a reação do marido e viu o rosto dele, e a expressão, que deveria ser de prazer máximo, parecia a de um condenado à morte. O sorriso de Clara murchou, mas a boca continuou aberta, e o primeiro jato entrou em sua boca.
Junior, totalmente desolado e confuso, e agora a uns dez metros de distância, grita "Mãe?!?", enquanto Lucas já tinha virado as costas antes, um pouco mais malandro e menos inocente. A voz do menino ecoa na mente de Eduardo e de Clara. Eduardo sente tanta culpa quanto prazer no momento, mas não deixa de curtir esses milésimos de segundo. Clara, com sua excitação um pouco cortada ao ver a expressão no rosto do marido, desespera-se ao reconhecer a voz de Junior, e em uma tentativa de esconder o ato errado que fazia com o marido, ao tentar voltar a ser a mulher de respeito que era até então, para acabar com a sexualidade do momento, com a boca já ostentando uma quantidade razoável de porra, fecha a boca com força e abaixa a cabeça, tentando aproveitar que estava de costas para simular que estava fazendo qualquer outra coisa que não pagando um boquete. Na mordida de Clara, o rosto de Eduardo exprime uma dor da mais aguda, e um urro ecoa no parque. Clara, ao abaixar a cabeça, tem a testa e parte do cabelo banhados por sangue e um resto de porra, e ao virar para o lado, sua face, antes ruborizada de vergonha, agora fica ruborizada de sangue jorrado pelo pau de Eduardo. E resquícios do leite que passarinho macho não bebe.
Eduardo desmaia. Junior desmaia. Lucas passeia tranquilo pelo parque, procurando uma criança para brincar. E Clara tenta falar "Acorda, Junior" com metade de uma piroca na boca e o rosto todo ensanguentado e esporrado.

P.S.: Esse conto virou um conto em um curta feito numa oficina de trash no CCBB, com o Gurcius Gewdner, Petter Baiestorf e Christian KZL. 

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